A essa altura os fãs de rock já estão sabendo que a Netflix disponibilizou desde sexta-feira “The Dirt”, a cinebiografia do Mötley Crüe inspirada no livro de mesmo nome. Muita gente já assistiu, reviu, comentou e compartilhou nas redes sociais, assim como teve muita gente torcendo o nariz para o filme.
Comparações não são interessantes para não se formar um pré-julgamento, porém no momento é inevitável que surja o nome de “Bohemian Rhapsody”, como o filme que catapultou o fenômeno atual das cinebiografias do mundo do rock, seja pelo seu êxito comercial, seja pelas premiações ou pelas atuações do elenco afiado. Pois bem, comparando então (com ressalvas, claro), o “filme do Crüe” se posiciona em algum lugar entre o “filme do Queen” (como odeio essa expressão) e “Hysteria”, a biografia do Def Leppard produzida pela VH1 em 2001: se não é uma superprodução como o primeiro, conta com um orçamento melhor que o segundo; se não tem atuações e uma direção tão primorosa quanto o primeiro, está acima do segundo no quesito.
Agora falando de “The Dirt” em si, temos uma película extremamente exagerada, caricata e, por vezes, de gosto duvidoso. E isso é ruim? Pelo contrário: é a essência da própria banda! Afinal o que esperar de um filme (e isso não é spoiler) que já começa com uma cena de ejaculação feminina numa festa regrada a toneladas de bebidas e drogas? Existe algo mais “Crüe” do que isso? Sem falar na sequência que envolve a participação de Ozzy Osbourne (muito bem encarnado por Tony Cavalero), que já era uma das “lendas urbanas” mais famosas da história do meio roqueiro...
Se o elenco está longe de ser primoroso nas atuações, lembremos que a intenção aqui nunca foi fazer um campeão de bilheteria para ser exibido nas salas de cinema para toda a família se emocionar. Não! O tom beira o documental, em momentos lembrando até aquelas reencenações de programas jornalísticos sensacionalistas (alguém se lembra aí do finado “Linha Direta”, da Rede Globo?), mas tudo feito com muito zelo nos mínimos detalhes: as cenas dos shows são perfeitas, o visual dos músicos recriados com perfeição. E se os momentos mais dramáticos não chegam a arrancar lágrimas, pelo menos passam bem a sensação de amargura e angústia dos envolvidos.
Assim sendo, se você é fã e ainda não assistiu, coloque o filme pra rodar, preferencialmente durante a noite, acomode-se bem no sofá, escolha sua bebida favorita, ponha o volume o mais alto que lhe for permitido e embarque na montanha russa visual e sonora do Mötley Crüe... Duvido que quando o filme acabar você não vai se pegar cantarolando “Kickstart My Heart” ou “Home Sweet Home”... Ah sim, e com certeza ouvindo a trilha sonora também...
Em tempo, um pequeno spoiler: não há uma menção sequer ao turbulento casamento de Tommy Lee e Pamela Anderson, que envolveu uma filmagem caseira de sexo que vazou publicamente e agressões que acabaram com o baterista na cadeia, período em que ele decidiu sair do grupo e foi substituído pelo saudoso Randy Castillo.
The Dirt: As Confissões do Mötley Crüe (2019 - Netflix)
Direção: Jeff Tremaine
Elenco: Douglas Booth (Nikki Sixx), Daniel Webber (Vince Neil), Colson Baker (Tommy Lee), Iwan Rheon (Mick Mars), David Costabile, Pete Davidson.
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