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Sobre o retorno do Genesis





Na semana passada, Phil Collins, Mike Rutherford e Tony Banks anunciaram o retorno do Genesis às atividades, por ora com shows agendados pelo Reino Unido e Irlanda apenas. O retorno já vinha sendo motivo de especulações desde que Phil e Mike dividiram o palco na Alemanha no ano passado (ocasião em que Mike and The Mechanics, outra banda de Rutherford, abria os shows da turnê solo de Collins). Os rumores ganharam mais força ainda quando os três foram fotografados no Madison Square Garden em janeiro, assistindo a uma partida de basquete entre o New York Knicks e o Los Angeles Lakers, válida pela temporada regular da NBA, e agora finalmente se concretizaram. Ficam algumas perguntas no ar:

- Por que voltar novamente?


Phil Collins e Mike Rutherford são grandes amigos fora dos palcos, e não apenas parceiros musicais. Convencer Tony Banks, com quem o relacionamento de ambos também é bem amistoso, seria apenas questão de tempo. Phil retornou de sua aposentadoria viajando pelo mundo em turnê mesmo com dificuldades de locomoção, devido a problemas nas costas e nos nervos das mãos, que o impedem de tocar bateria, sem falar na perda de grande parte da audição e no tombo que levou durante um show em Charlotte (EUA), quando foi se sentar na cadeira e ela desabou. Assim, como indica o nome da turnê (“The Last Domino?”), agora ao que tudo indica teremos realmente uma despedida oficial do Genesis – embora a reunião de 2007 também tenha sido tratada da mesma maneira, já que Phil anunciou sua aposentadoria pouco tempo depois.

Além disso, Phil retomou as atividades musicais impulsionado pelo filho Nicolas, que toca bateria também e não pode presenciar “ao vivo” a carreira do pai no palco – quando ele assumiu a bateria na turnê de retorno do pai, tinha apenas 16 anos de idade. E Phil gostou da experiência, tanto que quando perguntado sobre um possível retorno do Genesis, sempre disse que faria se Nic estivesse junto, trazendo assim o filho a participar de mais uma parte de sua história e legado.




- Mas novamente sem Peter Gabriel e Steve Hackett?





Vamos por partes: o lendário vocalista sempre relutou e se recusou a participar de reuniões com seu ex-grupo. As únicas vezes em que tocou junto a eles novamente sob o nome Genesis foram primeiramente em 1982, em um concerto organizado pelo próprio Genesis para ajudar Gabriel que passava por um momento pessoal difícil (ele estava quase falido após uma fracassada tentativa de organizar um festival de artes chamado WOMAD), e depois na regravação da clássica “Carpet Crawlers”, para o lançamento da coletânea “Turn It On Again” em 1999. Fora isso, ele sempre declarou ser contra reuniões saudosistas, por considerar um retrocesso em sua carreira e ele sempre gostar de trabalhar olhando adiante novas perspectivas.




Quanto ao guitarrista Steve Hackett, ele também esteve presente nas duas reuniões acima (embora no concerto de 1982 ele tenha participado apenas das duas últimas músicas, no bis). Fora isso, levou adiante sua carreira solo de maneira prolífica (embora não tão rentável quanto a de Gabriel ou Collins), e recentemente parece ter encontrado um verdadeiro filão resgatando as canções de seus tempos na banda, excursionando constantemente mundo afora. Por que ele não estaria envolvido? Talvez na cabeça do trio remanescente, não haja motivo para chamá-lo se Peter Gabriel não estiver envolvido, algo que os fãs obviamente não concordam, já que Hackett permaneceu no grupo até 1977, tendo gravado os antológicos “A Trick Of The Tail”, “Wind and Wuthering” e o ao vivo “Seconds Out” com eles (este, aliás, o tema de sua atual turnê). Assim, ao que tudo indica, o foco da turnê atual deve ser na fase de maior apelo comercial do Genesis, os anos 1980, justamente quando o guitarrista já estava fora do grupo.




Ah sim, Daryl Stuermer, fiel escudeiro do Genesis desde 1978, estará com eles novamente nas guitarras e tocando também baixo em algumas canções.

- Nic Collins dará conta do recado?




Nic tem o aval do pai para ocupar seu posto e o fator hereditariedade a seu favor, mas isso é o suficiente? Phil Collins é um dos maiores nomes da história da bateria no rock, e por mais que o filho tenha se saído bem tocando as canções solo do pai, com o Genesis o bicho pega bem mais, principalmente nas canções mais progressivas com seus compassos e tempos complicados. Phil brincou que havia quando sugeriu a Tony Banks voltarem com ele na bateria, o tecladista não disse nem que sim e nem que não, “mas também não tinha certeza se ele estava prestando atenção no que havia dito”. Já Banks em uma das entrevistas de quarta-feira no anúncio do retorno afirmou estar feliz por Nic soar exatamente como o pai soava, o que lhes daria liberdade para executar músicas que há muito tempo não tocam. Lembrando que durante quase todo o tempo em que Phil esteve como vocalista principal, o posto de baterista nos shows pertenceu ao renomado Chester Thompson (que também acompanhou o cantor em sua carreira solo), exceto na tour de “A Trick Of The Tail”, onde o lendário Bill Bruford excursionou com o grupo. Portanto, não é só a sombra do pai que paira sobre o posto...




- A turnê será apenas no Reino Unido e Irlanda mesmo?


Talvez a maior incógnita até agora. E a resposta mais simples seria: a tour deve durar o quanto a saúde de Phil Collins permitir e o quanto o grupo está disposto a estendê-la. Público para eles, não resta dúvidas que haverá. Porém Phil se desgastou além da conta viajando pelo mundo em sua turnê solo, e não sabemos se ele enfrentaria tudo isso novamente em um intervalo tão curto. Pelo lado positivo, seis datas extras já foram agendadas... Fica a torcida para que seja apenas um aquecimento para algo maior e um possível retorno ao Brasil, que só foi agraciado com uma única visita da banda, no longínquo 1977, na turnê de “Wind and Wuthering”.




- Eles lançarão músicas novas?


Sinceramente? 99% de certeza que não. A menos que ocorra uma conexão muito inspiradora entre o trio durante os shows, é muito improvável – nem mesmo em 2007, quando passaram um pouco mais de tempo juntos, isso ocorreu. Fica a torcida também para que pelo menos algum show seja gravado para ser lançado oficialmente, para que os fãs que não puderem estar presentes nos shows possam sentir o gostinho de ver os ídolos mais uma vez.




Grandes designers do rock: Storm Thorgerson



Quem acompanha música desde os tempos dos álbuns físicos, seja em LP ou em CD, antes dos tempos de internet, MP3 e streaming, com certeza costumava se conectar não apenas com a música em si, mas também com o trabalho gráfico que acompanhava um disco – capa, fotos, encartes, etc... E alguns grandes artistas gráficos do século XX realizavam verdadeiras obras de artes sob encomenda dos artistas para servirem de capa para seus trabalhos. No blog iremos revisitar alguns destes grandes nomes, começando por aquele que talvez tenha sido o maior deles.




Storm Elvin Thorgerson nasceu em Potters Bar, na Inglaterra, no dia 28 de fevereiro de 1944. Foi contemporâneo de escola de Syd Barrett e Roger Waters em Cambridge – Syd era um ano mais novo e Roger um ano mais velho. Embora ele e Roger fossem companheiros de rugby e suas mães amigas muito próximas, um outro membro do Pink Floyd é quem foi seu grande amigo na adolescência: David Gilmour (de quem futuramente Storm viria a ser padrinho de casamento).



Embora tenha sido sempre muito ligado a música, Storm seguiu carreira nas artes gráficas, e fundou no final da década de 1960 o estúdio Hipnogsis junto a Aubrey Powell. A dupla seria acompanhada posteriormente por Peter Christopherson (que anos mais tarde se tornaria um requisitado diretor de vídeo clipes). O estúdio durou até 1982 e juntos eles criaram algumas das capas mais antológicas da história da música, trabalhando para nomes como Paul McCartney (todos os álbuns dos Wings a partir de “Band On The Run”, além de seu solo “Tug Of War”), Led Zeppelin (“Houses Of The Holy”, “Presence”, “In Through The Out Door”), Genesis (“The Lamb Lies Down On Broadway”, “A Trick Of The Tail”, “Wind and Wuthering”), Peter Gabriel (os três primeiros álbuns), Scorpions (“Lovedrive”, “Animal Magnetism”), UFO ("Phenomenom"), AC/DC (“Dirty Deeds Done Dirt Cheap”), Black Sabbath (“Technical Ecstasy”, “Never Say Die”), Def Leppard (“High ‘N’ Dry”) e, obviamente, os amigos do Pink Floyd, para quem criaram praticamente todas as capas de seus álbuns desde “A Saucerful Of Secrets” até “Animals”. E muitos outros grandes nomes.



Com o fim da parceria e o fechamento do estúdio, Storm seguiu trabalhando com seus amigos do Floyd (de “A Momentary Lapse Of Reason” em diante), e fez ainda artes antológicas para, por exemplo, o Audioslave (seu primeiro álbum), Helloween (“Pink Bubbles Go Ape”), Muse (“Absolution” e “Black Holes and Revelations”), The Cult (“Electric”), Dream Theater (“Falling Into Infinity”), Rival Sons (“Pressure and Time”), além de Megadeth (“Rude Awakening”), Cranberries (“Wake Up and Smell The Coffee”), Bruce Dickinson (“Skunkworks”) e muitos mais.

Storm ainda se aventurou como diretor de vídeo clipes, tendo realizado “Owner Of a Lonely Heart” do Yes, “Tattooed Millionaire” e “All The Young Dudes” com Bruce Dickinson, “Kids Of The Century” do Helloween, “High Hopes”, do Pink Floyd, “Street Of Dreams”, do Rainbow, e alguns outros mais. Em 2003, sofreu um AVC, que lhe diminuiu a capacidade de trabalho, mas não o deteve. Storm veio a falecer em 18 de abril de 2013 de câncer (não foi divulgado qual o tipo). David Gilmour lamentou a morte do amigo, descrevendo-o como uma força constante em sua vida, tanto profissional quanto pessoalmente.



Recentemente houve uma mostra de alguns originais de seus trabalhos no MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York) e outra no The Browse Gallery, em Berlim. Já imaginou ver tantas obras que fazem parte de nosso imaginário coletivo musical e visual reunidas em um museu?

Seguem algumas das imagens mais icônicas produzidas por ele:
















1976: grandes álbuns lançados naquele ano



Aproveitando o recente relançamento do histórico álbum de Paul McCartney and The Wings "Wings Over America", de 1976, este blogueiro vem humildemente listar algumas sugestões de grandes álbuns lançados também em 1976 - em ordem aleatória, não de preferência ou cronológica. Por quê? Poderia dizer que o rock estava em seu auge, que a oferta era muito boa no período, mas não... Na verdade é pelo fato de ter sido o ano em que nasci... 

A maioria deles é tida como clássicos pelos fãs dos artistas envolvidos e são conhecidos do grande público, mas mesmo para estes, sempre "vale a pena ouvir de novo".

Paul McCartney and Wings - Wings Over America



Por que ouvir? - Sir Paul provou que havia vida após os Beatles, superou a depressão do rompimento do grupo, lançou álbuns clássicos ("McCartney", "Band On The Run") e saiu fazendo shows pelo mundo afora. O registro da turnê de 1976 (de "Wings At The Speed Of Sound", daquele mesmo ano) mostra uma banda extremamente entrosada, executando uma grande leva de canções clássicas tanto dos Fab Four quanto dos álbuns solos de Paul e dos gravados com os Wings. Impossível não gostar. Ah, e se puder, corra atrás do vídeo "Rockshow", relançado poucos anos atrás em DVD e Blu-ray, com um show completo e espetacular desta mesma tour.

Melhores momentos: dentre muitos, a antológica abertura com "Venus and Mars/Rockshow" e "Jet", o set acústico com "Bluebird", "I've Just Seen a Face", "Blackbird" e "Yesterday", além das clássicas "Maybe I'm Amazed", "Live and Let Die" e "Band On The Run".

Queen - A Day at the Races



Por que ouvir? - Se não é o melhor trabalho do Queen, é um registro da fase áurea do grupo, ainda esbanjando criatividade e com aquele ímpeto e arrogância de querer dominar o mundo. Assim como em seu trabalho anterior ("A Night At The Opera" - guardadas as devidas proporções, claro), o quarteto faz de tudo um pouco: hard rock, gospel, baladas, valsa, etc.

Melhores momentos: o rockão rasgado de "Tie Your Mother Down", a intrincada "The Millionaire Waltz", a singela "Long Away", o peso de "White Man" e a mais do que clássica "Somebody To Love".

Rush - "2112" e "All The World's a Stage"


 

Por que ouvir? - Poderíamos simplesmente dizer "porque é o Rush, cara!", mas não é só isso: é o Rush explodindo e aparecendo para o mundo, saindo do underground e caminhando rumo ao estrelato. "2112" foi responsável por isso, introduzindo de vez o Rush entre os fãs de hard rock e de rock progressivo, e "All The World's a Stage" era o retrato ao vivo desta fase, demonstrando que aqueles três rapazes do Canadá conseguiam sim reproduzir ao vivo tudo o que criavam em estúdio.



Melhores momentos: Em "2112", além da faixa título, "A Passage to Bangkok" rapidamente se tornou uma das favoritas entre os rushmaníacos. Já em "All The World's a Stage", impossível não se render a "Bastille Day", que abre o play arrebentando tudo, a apoteótica "By-Tor and The Snow Dog", a pesadona "What You're Doing"... e claro, "2112" e ainda o solo do Professor Neil Peart.


Aerosmith - "Rocks"



Por que ouvir? - O Aerosmith disputava com o Kiss na década de 1970 o título de maior banda do hard rock norte-americano, tendo ambas estourado um ano antes - estes com "Toys In the Attic", aqueles com "Alive!". Aqui o quinteto de Boston alia sua criatividade com peso, sem perder a energia característica do grupo, sendo tratado pelos críticos como "uma cria raivosa dos Rolling Stones". "Rocks" disputa até hoje com "Toys In The Attic" o posto de álbum favorito entre os fãs das antigas. Se duvida, pergunte ao Slash...

Melhores momentos: "Back In The Saddle", com Joe Perry com um baixo de 6 cordas "grunhindo" em suas mãos; a velocidade contagiante de "Rats In The Cellar"; "Last Child", grande contribuição de Brad Whitford, assim como a pesada "Nobody's Fault".


Kiss - "Destroyer" e "Rock And Roll Over"

 

Por que ouvir? - São duas facetas bem distintas de uma banda no topo do mundo. O Kiss ganhou exposição mundial com "Alive!" um ano antes, e agora podia contar com dinheiro e bons recursos em suas gravações. Se em "Destroyer" trouxeram Bob Ezrin (Alice Cooper, Pink Floyd) para uma produção mais elaborada, aventurado-se por estilos diversos e até mesmo incompreendidos por muitos fãs, em "Rock and Roll Over", lançado no mesmo ano, víamos o Kiss voltando às origens de seu rock básico e direto, sendo produzidos por Eddie Kramer, muito conhecido por trabalhar com um certo Jimi Hendrix.


Melhores momentos: são dois discos para serem ouvidos "de cabo a rabo" (apesar de "Beth"), mas se é pra destacar algumas, em "Destroyer" ficamos com as óbvias "Detroit Rock City", "King Of The Night Time World", "God Of Thunder", "Shout It Out Loud" e "Do You Love Me", e em "Rock and Roll Over" temos "I Want You", "Makin' Love", "Hard Luck Woman", "Calling Dr. Love", "Take Me", "Ladies Room"...

Genesis - "A Trick Of The Tail"



Por que ouvir? - Porque registra um momento crítico na carreira do grupo, sobrevivendo de maneira brilhante à saída repentina de seu carismático frontman Peter Gabriel, "promovendo" o baterista Phil Collins ao posto. Ou seja: mesmo com o baque, a qualidade do trabalho do agora quarteto foi mantida, com excelentes temas, arranjos virtuosos e uma produção esmerada, em um dos melhores registros do Genesis.

Melhores momentos: a insana faixa de abertura "Dance On a Volcano"; a melodiosa faixa título; "Mad Man Moon", com um inspiradíssimo Tony Banks nos teclados, e a fantástica instrumental "Los Endos", que ao vivo era precedida sempre de um dueto de bateria por Phil Collins e Chester Thompson.


Thin Lizzy - "Jailbreak" e "Johnny The Fox"


 

Por que ouvir? - O Thin Lizzy infelizmente nunca foi tão reconhecido como deveria. Donos de grandes músicas, temperadas com as famosas "guitarras gêmeas" que fariam escola no heavy metal anos depois, e contando ainda com um letrista fantástico como Phil Lynott, o Lizzy atingiu seu ápice em 1976, e os dois álbuns lançados naquele ano comprovam a qualidade de seu trabalho. Saindo em uma grande turnê norte-americana no ano seguinte, Lynott adoeceu, a excursão foi abortada, e o Lizzy caiu em esquecimento para a grande massa, infelizmente...


Melhores momentos: em "Jailbreak", destacamos a faixa título com seu clima soturno, a pesada "Emerald", o hino "The Boys Are Back In Town", seu maior hit; já em "Johnny The Fox", a poética "Don't Believe a Word" merece audição cuidadosa, assim como a pesada "Massacre" (as duas regravadas, respectivamente, por Def Leppard e Iron Maiden"), além da funkeada "Johnny The Fox Meets Jimmy The Weed" (impossível não notar a semelhança de seus primeiros acordes de guitarra com "Snowblind", do disco solo de 1978 de Ace Frehley, do Kiss).

Led Zeppelin - "Presence" e "The Song Remains The Same"


 

Por que ouvir? - Bem, muitos realmente podem contestar a inclusão de "Presence" nesta lista, por não ser um dos melhores trabalhos do Led. Mas ainda assim, encontramos momentos brilhantes, e convenhamos, um Led Zeppelin menor ainda é maior do que muita coisa que ouvimos por aí. Já "The Song Remains The Same" dispensa maiores apresentações e justificativas: o primeiro duplo ao vivo do grupo, que acompanhou o lançamento do filme nos cinemas (ambos gravados em 1973, mas só lançados então).



Melhores momentos: em "Presence" são obrigatórias a galopante "Achilles Last Stand" e a ótima "Nobody's Fault But Mine", além de "For Your Life". Já em "The Song Remains The Same", os clássicos atemporais "Rock and Roll", "Stairway to Heaven" e "Whole Lotta Love" dividem espaço com as (extremamente) estendidas versões de "No Quarter" e "Dazed and Confused" (que ocupava um lado inteiro no vinil). Na versão expandida lançada recentemente, os fãs ainda ganharam registros do quilate de "The Ocean", "Since I've Been Lovin' You", "Over The Hills and Far Away" e "Black Dog".


Peter Frampton - "Frampton Comes Alive"



Por que ouvir? - O simples argumento de ser o disco ao vivo mais vendido de todos os tempos já valeria pelo menos para ouvir de curiosidade (na época, chegou até a ser vendido pelos correios nos EUA, uma novidade!). Mas seria subestimar um grande trabalho, com Peter Frampton desfilando ótimas músicas e belos solos de guitarra.

Melhores momentos: mesmo que você não suporte mais ouvir, "Baby I Love Your Way" é um dos maiores destaques, assim como a contagiante "Show Me The Way". Destaque também para a abertura com "Something's Happening" e para a surpreendente versão de "Jumpin' Jack Flash", dos Stones.

Rainbow - "Rising"



Por que ouvir? - Em 1976, o Deep Purple não existia mais: após a debandada de Richie Blackmore, muitas divergências internas levaram Jon Lord a jogar a toalha após a turnê de "Come Taste The Band", e logo em seguida o guitarrista Tommy Bolin veio a falecer de overdose. O novo grupo de Blackmore, que já tinha obtido reconhecimento com o primeiro álbum um ano antes, aqui presenteia os fãs com uma obra-prima do rock pesado. Todos dão um show, seja o mago das guitarras, seja Ronnie James Dio com seu vocal poderoso, seja Cozy Powell demolindo sua bateria. Para muitos, foi o primeiro pilar do chamado Power Metal, com suas músicas velozes e arranjos sinfônicos.

Melhores momentos: A abertura com "Tarot Woman" já é de tirar o fôlego, que ainda consegue ser ofuscada pelas brilhantes "Stargazer", gravada junto à Orquestra Filarmônica de Munique (e com performances antológicas de Dio, Powell e Blackmore), e pela veloz "A Light In The Black", com seus solos dobrados de guitarra e teclado e com sua bateria de dois bumbos, que se tornariam clichê décadas depois no heavy melódico...


Scorpions - "Virgin Killer"



Por que ouvir? - Para aqueles que acham que os "vovôs" do metal alemão são apenas a banda que fez "Still Loving You" e "Wind Of Change", que tal descobrir um grupo vigoroso, com canções esbanjando energia? "Virgin Killer" serviu de passaporte para o Scorpions fora da Europa, em uma época em que ainda contavam com os préstimos do virtuoso Uli John Roth. Não se atenha à polêmica sobre a capa original (que trazia uma garotinha nua), coloque o álbum pra tocar e aumente o som!

Melhores momentos: "Pictured Life" abrindo o disco a todo vapor, ritmo que é mantido em "Catch Your Train" (resgatada anos mais tarde no álbum acústico do grupo). Há ainda a divertida "Hell Cat", cantada por Roth, "Backstage Queen" e "Polar Nights".


AC/DC - "Dirty Deeds Done Dirt Cheap"



Por que ouvir? - Porque AC/DC é sinônimo de rock do bom, sem firulas, simples e direto. Foi aqui que os australianos começaram a aparecer para o mundo, conseguindo seus primeiros sucessos. E ainda tínhamos aqui a crueza original no som do grupo, além do saudoso e carismático Bon Scott nos microfones.

Melhores momentos: sem dúvida o grande destaque é a faixa título, ainda hoje uma das favoritas dos fãs. Mas ainda há "Squealer", "Problem Child", "Ride On"... e a versão original australiana trazia "Jailbreak" encerrando o play, faixa que até então havia sido lançada apenas como single.

Eagles - "Hotel California"



Por que ouvir? - Para derrubar o preconceito que a grande maioria da nação roqueira tem com o grupo, por conta da faixa título que tocou à exaustão, chegando inclusive a ser apelidada de "Motel California" por ser melosa demais para seus detratores. Um disco com boas músicas executadas por instrumentistas extremamente competentes.

Melhores momentos: obviamente a faixa título, com um show à parte dos guitarristas Don Felder e Joe Walsh; "Life In The Fast Lane", sobre a agitada vida de um casal moderno - cujo título veio de uma frase de um fornecedor de drogas do grupo, e cujo riff de guitarra surgiu espontaneamente enquanto Joe Walsh aquecia no estúdio, esperando para gravar; e ainda a épica "The Last Resort", versando sobre o declínio da sociedade e fechando o disco com chave de ouro.

Rory Gallagher - "Calling Card"



Por que ouvir? - O saudoso irlandês Rory Gallagher foi um dos melhores guitarristas da década de 1970. Sua pegada blues-rock com agressividade, técnica e feeling nas medidas exatas são louvadas até hoje por muitos guitar heroes, como Brian May e Slash. Como se não bastasse, o cara compunha e cantava maravilhosamente bem. "Calling Card" é sua obra-prima, um disco irretocável do começo ao fim, produzido por Roger Glover (sim, após sua saída do Deep Purple, ele se firmou como produtor). Ah sim, além de tudo o cara ainda esnobou um convite para se juntar aos Rolling Stones quando Mick Taylor - ele era a primeira opção antes de Ron Wood, por sugestão do próprio Keith Richards.

Melhores momentos: a roqueira "Moonchild", onde não fica devendo nada a Richie Blackmore, o blues da faixa-título, a lindíssima acústica "I'll Admit You're Gone", a viajante "Jack-Knife Beat"... tem para todos os gostos!


Rita Lee & Tutti Frutti - Entradas e Bandeiras




Por que ouvir? - Poderíamos simplesmente dizer "porque Rita Lee é o maior nome do rock brasileiro de todos os tempos" e já bastaria. Mas vamos mais além: se não é a obra-prima que foi "Fruto Proibido" (seu antecessor e talvez o melhor disco de rock já gravado no Brasil), "Entradas e Bandeiras" traz a simbiose entre Rita e a banda Tutti Frutti ainda rendendo bons frutos - a relação ficaria desgastada no próximo álbum, quando ela começou a se distanciar um pouco da pegada roqueira e também por conta de estar cada vez mais envolvida em trabalhar com seu marido Roberto  de Carvalho, o que a levou a partir de vez para sua carreira solo.

Melhores momentos: A abertura com "Corista de Rock" e sua letra bem bacana, a glam-rock "Superestafa" (em cujo vídeo promocional Rita está com um visual totalmente David Bowie) e a lindíssima "Coisas da Vida", uma das mais belas músicas já compostas por ela. Ah sim, não esqueçamos da divertida "Bruxa Amarela", composta pela dupla Raul Seixas e Paulo Coelho...


Estes são alguns dos grandes momentos do rock em 1976. E você leitor, sugere mais algum?

Matéria originalmente publicada no site Whiplash!, ora revista e atualizada.

Quando os grandes nomes do rock resolvem se arriscar em estilos diferentes




Ao longo da história do rock, podemos perceber que alguns dos seus grandes nomes tentam se aventurar em outros estilos diferentes daqueles que os consagraram. Talvez por vontade de tentar algo novo. Quem sabe para tentar agradar críticos. Ou, ainda, para tentar ganhar mais dinheiro por conta de uma nova tendência que esteja na moda. Algumas vezes, tais investidas são muito bem sucedidas, como acontecia sempre com David Bowie, que soube se dar bem e, ao mesmo tempo, fazer boas músicas em todos os gêneros que gravou (aliás, a constante mudança era parte de seu próprio estilo). Mas nem tudo são flores...




Fazendo um grande retrospecto, voltando lá nas origens do bom e velho rock and roll, temos como maior exemplo positivo o caso dos Beatles. Do início, como banda de composições simples da época do “iê-iê-iê”, o quarteto foi transformando seu estilo tão rapidamente que nem parece que tudo aconteceu em menos de dez anos. Basta comparar os primeiros álbuns, como “Please, Please Me” e “With The Beatles”, com algum de seus últimos anos, seja “Sgt. Pepper’s” ou “Abbey Road”, por exemplo. Não houve apenas mudança, como também melhora, evolução.



Outro caso positivo, onde novas influências foram usadas sem necessariamente fazer música ruim ou se vender ao mercado, foi o que ocorreu com o Rush. Nos anos 1970, começou com um rockão básico, foi evoluindo para o lado do progressivo, com composições trabalhadíssimas e nos anos 1980, a partir de “Signals”, gradativamente foi tendo seu estilo influenciado pela sonoridade “new wave”. Aí vieram os anos 1990 e a distorção voltou ao som da banda, assim como a velha pegada rockeira. Pode ser citado também o Aerosmith. Na faixa “Kings and Queens”, do álbum “Draw The Line”, a banda flerta descaradamente com o rock progressivo. E o resultado final foi excelente, uma ótima música. Mais recentemente, em “Just Push Play”, temos alguns toques modernos, de samplers e até mesmo de rock industrial (como em “Beyond Beutiful”). Bem que podiam ter se arriscado mais vezes...



O Queen também é um exemplo de banda que sempre buscou tocar estilos diversos. Na maioria das vezes se deu bem. Fez de tudo, desde música de cabaré (“Seaside Rendesvouz”, “Bring Back That Leroy Brown”) até heavy metal (“Stone Cold Crazy”), rock progressivo (“The Prophet’s Song”), toques de erudito (“The Millionaire Waltz”), ecos de punk (“Sheer Heart Attack”), black music (“Another One Bites The Dust”) e um pouco de várias coisas na lendária “Bohemian Rhapsody”. Porém, quando resolveu tentar fazer disco music... O resultado pode ser conferido no péssimo lado A (sim, estávamos nos tempos do vinil) do álbum “Hot Space”.



A discoteca... Ah, a “maldita” música disco... grande responsável por vários “burros n’água” na história do rock... Quem não se lembra dos Rolling Stones com “I Miss You”, Rod Stewart com “Do You Think I’m Sexy”, ou o Kiss com “I Was Made For Lovin’ You”? Podiam até ser canções divertidas e terem obtido sucesso, mas não chegam nem aos pés, em termos de qualidade, do que eram eles realmente capazes de compor.

O Kiss, aliás, foi uma banda que se aventurou bastante em estilos diferentes do hard rock festivo que sempre os caracterizou. Houve o citado flerte com a discoteca. Depois, tentaram virar pop com o fraquíssimo “Unmasked”. Em seguida, veio “(Music From) The Elder”, um ótimo disco com influências de progressivo, mas que foi execrado por fãs e críticos. Aventuraram-se ainda, anos depois, em algum ponto entre o “grunge” e a psicodelia no também excelente “Carnival of Souls”, disco que foi deixado de lado para se reunirem com a formação clássica (e só foi lançando oficialmente bem depois, por conta dos prejuízos que estavam tendo – ou a falta de lucros – com o sucesso de vendas de suas cópias piratas).



Afinal, existe alguém dentro de uma banda que possa ser apontado como o grande responsável por essas tais mudanças? A mídia e os fãs muitas vezes escolhem, erradamente, seus bodes expiatórios. Como no caso do Genesis, que sempre teve entre seus fãs mais radicais Phil Collins como o grande “vilão”. Mas através dos documentários lançados por eles, podemos perceber por declarações do tecladista Tony Banks e dos demais que não foi bem assim. Com as saídas de Peter Gabriel e Steve Hackett, aos poucos eles foram deixando de lado o som intrincado do rock progressivo e flertando cada vez mais com o pop, com as baladas e tudo mais.



Vale ressaltar que os artistas gostam de demonstrar que vivem dentro de uma democracia em seus grupos e todas as decisões são tomadas por todos. Será que é sempre assim? Após assistir ao documentário “Some Kind Of Monster”, não fica a nítida impressão (confirmação?) de que quem manda no Metallica são mesmo Lars Ulrich e James Hetfield? O Metallica, alías, foi outro nome criticado intensamente durante muito tempo por seu abandono do thrash metal e flerte com o mainstream, em especial na “fase dos cabelos curtos” de “Load” e “Reload”. Isso sem falar no controverso “St. Anger”, o famoso álbum sem solos de guitarra, com bateria mal gravada. Tem ainda o Helloween, comandado a mãos de ferro pelo guitarrista Michael Weikath, que passou por momentos difíceis e crises internas nos últimos dias em que tinham Michael Kiske como frontman, resultando em discos muito bons, mas irregulares e massacrados pelos seus seguidores, como “Pink Bubbles Go Ape” e “Chameleon”.




Por fim, há de se citar o U2 e o Scorpions. No primeiro caso, a megalomania em que os irlandeses se encontravam na década de 1990, em decorrência do sucesso do antológico “Achtung Baby” e de sua turnê, a “Zoo TV”, levaram-nos a continuar com suas experimentações, mas os resultados foram o mediano “Zooropa” e o fraco “Pop”. Já no caso dos alemães, a grande decepção veio com o péssimo “Eye II Eye”. “O que diabos era aquilo?” muitos fãs devem ter se perguntado, diante de um álbum com batidas eletrônicas e levadas excessivamente pop. Nem parecia a mesma banda que outrora havia lançado registros antológicos, como “Lovedrive” e “Blackout”. Em ambos os casos, passada a “ressaca”, veio a volta por cima, com a retomada de seus estilos tradicionais.



Cabe agora a opinião do leitor: tais mudanças fazem bem ou não aos nossos artistas favoritos? Devemos aplaudir as tais mudanças de ares, em buscas de novas inspirações? Sejam boas ou ruins, tais tentativas devem ser respeitadas. Afinal, nem todo mundo consegue se manter muito tempo invariavelmente dentro de um estilo com sucesso, sem virarem clichês de si próprios. As exceções? AC/DC, Motörhead, Oasis, Iron Maiden... Chova ou faça sol, continuaram sempre os mesmos, os fãs sabendo sempre o que esperar a cada novo lançamento, e a qualidade até variando, mas não chegando jamais a descontentar profundamente...

Matéria originalmente publicada no site Whitplash!

Os 50 anos da bíblia "Deep Purple In Rock"

Embora só tenha conhecido de fato o sucesso em 1970, o Deep Purple já tinha uma boa história pra contar. Formado em 1966, o quinteto tra...