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Grandes designers do rock: Hugh Syme



Dando continuidade no resgate dos grandes artistas visuais que nos agraciaram com grandes projetos gráficos para capas de grandes nomes do rock, desta vez vamos falar sobre o canadense Hugh Syme.



Se o trabalho de Storm Thorgerson (de quem falamos anteriormente) acompanhou quase toda a discografia do Pink Floyd, no caso de Hugh Syme podemos dizer que a sua carreira se confunde com a do Rush. Syme foi responsável por todas as capas de discos do trio canadense desde “Caress Of Steel”, de 1975. A proximidade e a intimidade com eles é tão grande que ele chegou a participar como tecladista em algumas faixas do grupo: é dele a famosa introdução feita nos sintetizadores na clássica “2112”, assim como o piano de “Different Strings” (do álbum “Permanent Waves”) e alguns teclados em “Witch Hunt” (de “Moving Pictures”).



Aliás, seu trabalho com o Rush também lhe rendeu diversas indicações e algumas vitórias do prêmios Juno (prêmio mais famoso da música no Canadá): Syme ganhou o prêmio pelas capas de “Moving Pictures”, “Power Windows”, “Presto” e “Roll The Bones”, além de levar também pelo álbum “Levity” do cantor Ian Thomas. Ainda sobre sua parceria com o Rush, Syme revelou em uma entrevista em 1983 que jamais imaginaria que a banda utilizaria seu logotipo do homem estelar (“Starman Logo”) de “2112”, algo que o deixou surpreso.



Outros trabalhos notáveis do artista são as capas feitas para o Whitesnake (“Whitesnake” e “Slip Of The Tongue”), Megadeth (“Countdown to Extinction”, “Youthanasia” e “Cryptic Writings”), Dream Theater (“Octavarium”, “Systematic Chaos” e “Dream Theater”) Bon Jovi (“New Jersey”), Fates Warning (“Perfect Symmetry”, “Parallels” e “Inside Out”), Slaughter (“Stick It To Ya”), Warrant (“Cherry Pie”), Kiss (“Revenge”), Aerosmith (“Get a Grip”), Def Leppard (“Retro Active”), Queensrÿche (“Promised Land” e “Hear In The New Frontier”), Iron Maiden (“The X Factor”), Alice Cooper (“A Fistful of Alice”) e Flying Colors (“Second Nature”), além de muitos outros...




Syme estudou artes na New School of Art, de Toronto e na Universidade de York, na Inglaterra. Além das capas de álbuns que o fizeram famoso, ele também criou as capas dos livros escritos por Neil Peart (“Masked Rider” e “Ghost Rider”), e atua também em peças publicitárias, já tendo prestado serviços para empresas como Xerox, Virgin, Panasonic, Geffen, Universal Studios, Microsoft, Sony, Disney, Warner e muitas outras mais, confirmando que seu trabalho diferenciado continua reconhecido nas mais diversas áreas...

Seguem algumas das capas extraordinárias criadas por ele:














Baseadas em fatos reais: músicas inspiradas por acontecimentos reais


Quem é que nunca se espantou ao saber que algumas de suas músicas favoritas foram inspiradas em acontecimentos reais, e não um simples fruto da criatividade de seus autores? Abaixo listaremos algumas (sim algumas, pois são inúmeras) canções que se enquadram nesta situação:






Beatles – A Day In The Life

Os Beatles escreveram diversas letras inspiradas em acontecimentos reais ao longo de sua discografia, principalmente em seus últimos álbuns. “A Day In The Life” é inspirada em algumas notícias lidas por John Lennon no jornal, como um acidente de carro, o lançamento de seu filme “How I Won The War”, a estrada esburacada de Blackburn, devidamente complementada por Paul McCartney e sua lembrança de quando era mais jovem, antes da fama, quando acordava apressado e atrasado, penteava os cabelos e fumava um cigarro. Outras que podemos pegar como exemplo são “The Ballad Of John and Yoko”, que narra o recente casamento, lua de mel e o protesto pacífico na cama do casal, “She’s Leaving Home”, inspirada na notícia do desaparecimento da garota Melanie Coe, que havia fugido de casa, “Hey Jude”, escrita por McCartney para Julian Lennon, triste com o divórcio dos pais, além de “Sexy Sadie”, onde John narra a frustração após ter testemunhado o guru Maharishi ter assediado a atriz Mia Farrow durante o retiro espiritual que o grupo fez na Índia, e diversas outras...


Queen – Death On Two Legs

O momento de fúria de Freddie Mercury, que se revoltou com o contrato abusivo que prendia a banda aos seus antigos empresários, foi tema de uma matéria completa neste blog, que você pode conferir neste link.



Deep Purple – Smoke On The Water

Essa é mais do que batida e todo mundo sabe de cor a história, narrada detalhadamente na letra: o Purple gravava um álbum (Machine Head) em Montreux, na Suíça, com o estúdio móvel dos Rolling Stones e quando foi assistir ao show de Frank Zappa no tradicional festival de música da cidade, algum maluco soltou um sinalizador que literalmente incendiou o local. “Jamais sonhava que uma música que falava sobre um fato isolado de nossa história tomaria tamanha proporção”, disse o baixista Roger Glover em entrevista anos atrás.



Kiss – Detroit Rock City

Embora Paul Stanley tenha homenageado a cidade onde foi gravado “Alive!”, o álbum responsável por elevar o Kiss ao patamar de grande banda, a letra foi inspirada em um acidente real acontecido com um fã da banda que teria ido assistir a um show do grupo “talvez em Charlotte, não me lembro bem”, diz ele. Tanto que a gravação original da música no álbum “Destroyer” tem a introdução e o final com os efeitos sonoros que nos ambientam no acidente.



Iron Maiden – Empire Of The Clouds

O Maiden é uma banda campeã quanto músicas baseadas em fatos históricos e reais. Desde as clássicas “Powerslave”, falando do Egito Antigo, “Alexander The Great”, sobre Alexandre, o Grande, diversas canções sobre guerra (“Aces High”, “The Trooper”, “Paschendale”), até o mais recente trabalho de estúdio do grupo, “Book Of Souls”: a faixa título tem como tema a civilização Maia, “Death Of Glory” fala da Primeira Guerra Mundial, “Tears of a Clown” inspirada na morte do ator Robin Williams, e, por fim, a épica “Empire Of The Clouds”, que em seus 18 minutos conta a história do dirigível R101, um projeto ambicioso britânico que visava ser um transporte aéreo de luxo para fazer viagens de longa distância entre os países do império britânico, mas que caiu em sua viagem inaugural quando sobrevoava Paris, matando 48 dos 54 ocupantes, inclusive o ministro Christopher Thomson, responsável por iniciar o projeto, além de diversos outros envolvidos na criação do dirigível.



Saxon – Dallas 1 PM

A canção “Dallas 1 PM” é inspirada no assassinato do presidente norte-americano John Kennedy, baleado na cidade do título. Aliás, a canção foi lançada no álbum “Strong Arm Of The Law”, de 1980, cuja faixa de mesmo nome também é inspirada num acontecimento real, só que com a banda: segundo o ex-guitarrista Graham Oliver, a banda teria sido perseguida pelos seguranças da então primeira ministra Margareth Thatcher quando dirigia pela rua Whitehall (centro administrativo do Reino Unido, em Londres).



Pearl Jam – Jeremy

Inspirada no suicídio de Jeremy Wade Delle, que atirou na própria cabeça durante a aula de Inglês em um colégio de Richardson, no Texas, em janeiro de 1991 (ano de lançamento do álbum “Ten”, que trazia a faixa). Um garoto descrito como “quieto e triste” pelos colegas foi advertido por ter chegado atrasado na aula e ao invés de se dirigir à diretoria, foi ao seu armário, pegou um revólver que ali escondia e retornou à sala. Após dizer suas últimas palavras (“Senhora, eu peguei o que realmente fui buscar”), Jeremy colocou o cano do revólver na boca e disparou. O vocalista Eddie Vedder se sentiu compelido a escrever sobre o fato perturbador, quando viu uma notícia minúscula no jornal sobre o fato e a pouca importância dada a algo tão trágico. “Alive”, outra canção clássica do mesmo álbum, também tem uma parte real: a música conta a história de um adolescente cuja mãe lhe revela que o homem que ele achava que era seu pai na verdade é seu padrasto, e seu pai verdadeiro estava morto.



Boomtown Rats – I Don’t Like Mondays

O britânico Bob Geldof hoje é mais lembrado por ser o mentor dos festivais “Live Aid” e “Live 8”, e por ter interpretado o papel principal no filme “Pink Floyd – The Wall”. Mas há 40 anos atrás, sua banda Boomtown Rats conseguiu um grande hit internacionalmente com uma canção inspirada por outra tragédia envolvendo adolescentes. A inspiração surgiu da história de Brenda Ann Spencer, uma jovem de 16 anos de San Diego, na Califórnia, que no dia 29 de janeiro de 1979 chegou atirando em um playground da escola Grover Cleveland Elementary, matando dois adultos e ferindo oito crianças e um policial. Após ser detida sua única explicação foi “Eu não gosto de segundas-feiras. Isso anima o dia”. O Bon Jovi lançou uma versão ao vivo gravada no estádio de Wembley em 1995, no CD bônus da edição especial de “These Days”, com participação do próprio Geldof.



Jon Bon Jovi – August 7, 4:15

Embora o Bon Jovi não seja muito associado a temas mais soturnos, o vocalista Jon fez em seu álbum solo “Destination Anywhere” esta canção inspirada no assassinato da pequena Katherine Korzilius, então com apenas 6 anos de idade. Ela era filha do empresário da banda na época e havia desaparecido após a mãe deixá-la buscar a correspondência da família. Seu corpo foi encontrado em uma rua, com o dedo quebrado, fratura no crânio, além de múltiplas lesões e cortes. O caso até hoje não foi solucionado.



The Police – Don’t Stand So Close To Me

A canção que rendeu um Grammy ao trio foi composta por Sting numa mistura de ideias de seus tempos de professor com o romance “Lolita”, da Vladimir Nabokov. Sting chegou a trabalhar como professor antes de se firmar como músico profissional e relata que conviveu com diversos olhares lascivos de suas alunas adolescentes, mas nunca chegou a se envolver com nenhuma delas, ao contrário do professor da música.



U2 – Sunday Bloody Sunday

Outra canção que todos sabem relatar um fato histórico e verídico: “domingo sangrento” é como passou a ser chamado o dia 30 de janeiro de 1972 na Irlanda do Norte, pois nesta data tropas britânicas atiraram contra 28 civis durante um protesto contra o aprisionamento de 342 pessoas que supostamente eram envolvidas com o IRA (exército republicano irlandês) e seus atos violentos. Alguns dos civis baleados estavam apenas ajudando os feridos. Houve ainda relatos de pessoas atropeladas por veículos militares. “Esta canção não é de protesto, não é rebelde” costumava anunciar Bono durante as apresentações ao vivo, realçando seu conteúdo antiviolência.



Peter Gabriel – Biko

O ex-vocalista do Genesis lançou esta canção anti-apartheid em 1980, onde canta sobre Steve Biko, ativista sul africano que lutava contra o regime de segregação racial que imperava em seu país. Atuou firmemente durante as décadas de 1960 e 1970, publicando diversos artigos sob o pseudônimo de Frank Talk (“conversa franca”, se traduzirmos literalmente). Uma curiosidade: seu antigo companheiro de banda Phil Collins participa das percussões da faixa.



Rush – Manhattan Project

Projeto Manhattan era o nome do projeto responsável pela criação da primeira bomba atômica utilizada durante a Segunda Guerra Mundial. Neil Peart afirma ter lido uma pilha de livros sobre o assunto que acabaram rendendo uma letra dividida em quatro versos principais: um período durante a guerra; um homem, representando os cientistas envolvidos no projeto; um lugar, Los Alamos, onde os cientistas desenvolveram o trabalho; um homem, o piloto do bombardeiro que soltou a bomba em Hiroshima. A canção está no álbum “Power Windows”, de 1985.



Eric Clapton – Circus 

Todo mundo conhece “Tears In Heaven”, que o deus da guitarra escreveu em homenagem ao seu filho Connor, que faleceu em 1991 aos quatro anos de idade ao cair da janela de um hotel em Nova York. Mas nem todos se lembram desta bela e triste canção, escrita por ele como tributo ao filho, em referência à última noite que passaram juntos, quando foram a um circo e o garoto se divertiu muito, especialmente com um palhaço que segurava uma faca, mencionado na letra. Existem duas versões diferentes, uma no seu acústico MTV e outra no álbum “Pilgrim”, de 1998.



Nirvana – Polly

Composta por Kurt anos antes de ser gravada em 1991 no clássico “Nevermind”, é inspirada no caso ocorrido em agosto de 1987 na cidade de Tacoma, Washington, onde uma jovem de 14 anos foi seqüestrada ao sair de um show de rock, estuprada e torturada. A jovem conseguiu escapar do caminhão de seu torturador em um posto de gasolina e chamar atenção e pedir ajuda para as pessoas ali presentes.



Don McLean – American Pie

Embora cite claramente o “dia em que a música morreu” (como ficou conhecido o dia 5 de fevereiro de 1959, o dia em que os cantores Buddy Holly, Richie Valens e The Big Bopper morreram em um acidente aéreo), a letra enigmática do restante da canção dá margem a muitas interpretações. McLean a cada entrevista responde algo diferente, mas de modo geral diz que tem a ver com sua jornada de autoconhecimento e uma viagem ao passado recontando poeticamente a América (leia-se “Estados Unidos”) onde viveu e cresceu.




Weezer – Say It Ain’t So

Basicamente uma música sobre o trauma causado como alcoolismo a partir dos olhos de um filho. Foi o que Rivers Cuomo vivenciou, quando viu o casamento de seus pais se desfazer e posteriormente o segundo casamento de sua mãe estar seguindo para o mesmo caminho, por seu padrasto também ser alcoólatra. Cuomo utiliza na letra nomes e situações reais que viveu, inclusive sobre o pai ter “encontrado Jesus” (seu pai havia se tornado pastor e abandonado o vício), com quem ainda tinha uma relação conturbada na época.



Alice Cooper – I Never Cry

Alice canta aqui também sobre o alcoolismo e sobre como isso estava o destruindo e acabando com sua vida pessoal. Cerca de um ano depois de lançada a música, Alice se internou em um reabilitação para tratar do problema, e em “How You Gonna See Me Now” ele voltaria a falar do tema em uma espécie de pedido de desculpas, numa bela canção escrita junto ao eterno colaborador de Elton John, Bernie Taupin. 



Pink Floyd – The Wall

Falar em experiências reais e traumas de infância é falar de “The Wall”, do Pink Floyd. E aqui não falamos de apenas uma música, mas um álbum inteiro com diversas referências à vida pessoal de Roger Waters (que ainda ganharia uma espécie de continuação no álbum seguinte da banda, “The Final Cut”). Temos o pai falecido na guerra (“Another Brick In The Wall, pt. 1”), a escola e os professores opressores (“The Happiest Days Of Our Lives” e “Another Brick In The Wall, pt. 2”), a mãe superprotetora (“Mother”), e por aí vai... Só lembrando que a ideia do conceito do álbum (um artista que vai se isolando do mundo, construindo um muro ao seu redor) surgiu após um incidente na turnê anterior do Floyd, quando Roger Waters em um ataque de fúria contra um fã em um show cuspiu na cara deste, dizendo logo após que deveriam construir um muro em frente ao palco para poderem tocar em paz... mas isso será história para outro texto sobre os 40 anos deste clássico (spoiler!)...


Trilha Sonora: quando ela é muito melhor que o filme

Desde os tempos do cinema mudo, quando a música ajudava a expressar os sentimentos do que se via na tela, passando pela transição de 1927, com o primeiro longa metragem falado (o musical “O Cantor de Jazz”), cinema e música sempre tiveram uma relação muito estreita. Muitos anos depois, veio a popularização das trilhas sonoras em discos, que a princípio era um fenômeno mais restrito a filmes musicais – se nos anos 1950 e 1960, Elvis e Beatles acharam na simbiose com os filmes um grande filão a ser explorado, na década de 1970, talvez o caso mais notório seja o estrondoso sucesso dos Bee Gees em sua fase discoteca, na trilha do filme “Os Embalos de Sábado a Noite”. Até o momento em que a coisa se expandiu e chegamos ao ponto onde o casamento era tão perfeito, que tanto a película quanto as músicas se tornaram inesquecíveis e inseparáveis (“Pulp Fiction” e “Quase Famosos” são dois grandes exemplos). E muitas vezes o filme em si não era lá grandes coisas, acabando sendo ofuscado pela seleção de músicas e temas escolhidos para compor sua “Original Soundtrack”. A lista a seguir apresenta justamente isso: alguns filmes que ficaram a desejar, seja por seu resultado final ou mesmo pela falta de sucesso, mas cujas trilhas sonoras valem uma audição cuidadosa.


FLASH GORDON (“Flash Gordon”) – 1980

O FILME - Uma adaptação para as telonas de um personagem popular dos quadrinhos pode gerar grandes êxitos, mas também podem resultar em filmes decepcionantes. Quando o produtor italiano Dino De Laurentis resolveu levar a história de “Flash Gordon” para o cinema, o projeto levou anos para sair do papel – e antes dele, George Lucas teve a mesma ideia, mas acabou usando apenas como inspiração para “Star Wars”. Quando o filme finalmente foi realizado, o resultado final foi um misto de ficção-comédia-trash que desagradou profundamente a todos, principalmente aos fãs do herói. Anos depois acabou adquirindo uma aura cult, e em 2012 na comédia “Ted” (aquela do urso de pelúcia, do mesmo criador de “Family Guy”), o filme e o ator Sam J. Jones recebem uma homenagem bem peculiar...

A TRILHA – Quando o Queen foi convidado a compor a trilha sonora do filme, o projeto não foi nem de longe uma unanimidade no grupo, que estava mais focado nas gravações do clássico “The Game”. Quem acabou mergulhando de cabeça no projeto foi o guitarrista Brian May, que produziu o álbum junto a Reinhold Mack e foi autor das faixas mais conhecidas do disco (“Flash’s Theme” e “The Hero”), além de responsável por uma bela versão “guitarrística” da Marcha Nupcial. A trilha acabou fazendo muito mais sucesso do que o filme, que mal pagou os gastos da produção. Anos mais tarde o Queen acertaria a mão em cheio em sua nova empreitada cinematográfica, ao trabalhar nas músicas do clássico “Highlander” (1986), mais um caso em que tanto o filme quanto a trilha são clássicos.


COMBOIO DO TERROR (“Maximum Overdrive”) – 1986

O FILME – Não é segredo para ninguém que o escritor Stephen King sempre odiou as adaptações de seus livros para o cinema (incluindo-se aí até mesmo os clássicos “Carrie, A Estranha” e “O Iluminado”). Então em 1986, ele resolve se lançar como diretor e fazer sua própria adaptação do conto “Trucks” (a chamada no trailer era o próprio King dizendo “se você quiser algo bem feito, faça você mesmo”). O roteiro? Com a passagem de um cometa próximo à Terra, objetos inanimados passam a criar instintos assassinos e atacar os humanos, desde caixas eletrônicos de bancos, veículos e até uma ponte levadiça (sim, é isso mesmo que você leu...). O resultado? Bem, além de ser um fracasso retumbante de bilheteria e crítica, essa foi a única empreitada de King no cinema. Não precisa dizer mais nada, né?

A TRILHA – Para a trilha sonora, King convidou o AC/DC, citada pelo mesmo como sua banda favorita. E acabou que o álbum “Who Made Who” se tornou a trilha oficial do filme e uma espécie de coletânea do grupo, trazendo três faixas inéditas (a faixa título, e as instrumentais “D. T.” e “Chase The Ace”), sendo o restante composto por clássicos como “You Shook Me All Night Long”, “Hells Bells”, “For Those About To Rock” e “Ride On” (única da fase Bon Scott). Anos luz melhor que o filme, sem sombra de dúvidas...


A APARIÇÃO (“The Wraith”) - 1986

O FILME – Um Charlie Sheen ainda garotão estrela essa trama (?) na qual um jovem volta do mundo dos mortos em um carrão esportivo disposto a se vingar da gangue de rachas automobilísticos responsável por sua morte. Pois é... A sua sobrancelha franzida traduz o que público e crítica acharam do filme...

A TRILHA – Embora no filme possam ser ouvidos diversos clássicos do hard rock oitentista (como “Smokin’ In The Boys Room”, do Mötley Crüe e “Rebel Yell”, de Billy Idol), na trilha oficial nem tudo foi incluído, talvez por conta de direitos autorais. No disco marcam presença Ozzy Osbourne (com “Secret Loser”), Bonnie Tyler (“Matter Of The Heart”), Ian Hunter (ex-Mott The Hoople, com “Wake Up Call”) e o Lion (ex-banda de Doug Aldrich, com “Never Surrender”).


SHOCKER – 100.000 VOLTS DE TERROR (“Shocker”) – 1989

O FILME – O diretor Wes Craven alcançou fama mundial com o primeiro filme de Freddy Krueger (“A Hora do Pesadelo”, de 1984) e na década de 1990 faturaria milhões com a série comédia-terror “Pânico”. Tornou-se referência no gênero, mas contabilizou alguns insucessos também. Em 1989, na expectativa de criar um personagem tão bem sucedido quanto Freddy, Craven trouxe a história de um serial killer condenado à morte, que no momento de ser executado na cadeira elétrica tem seu corpo energizado com a descarga elétrica, fazendo com que seu espírito ganhe o poder de se transferir para outros corpos, transformando pessoas inocentes em assassinos brutais. Se não foi de todo um fracasso, ficou longe de ser um grande êxito comercial, frustrando seus planos de criar mais uma franquia de filmes.

A TRILHA – A faixa título foi gravada por Dudes Of Wrath, uma espécie de supergrupo formado por ninguém menos que Paul Stanley (Kiss) e Desmond Child nos vocais, Vivian Campbell (Def Leppard, Dio) e Guy-Mann-Dude (Alice Cooper) nas guitarras, Rudy Sarzo (Quiet Riot, Ozzy Osbourne, Whitesnake) no baixo, Tommy Lee (Mötley Crüe) na bateria, além de Michael Anthony (Van Halen, Chickenfoot) e Kane Roberts (Alice Cooper) nos backing vocals. A trilha tem ainda os alemães do Bonfire com “Sword and Stone” (originalmente uma composição de Paul Stanley, Bruce Kulick e Desmond Child para o Kiss), uma ótima versão do clássico “No More Mr. Nice Guy” de Alice Cooper regravada pelo Megadeth, além de Iggy Pop e Dangerous Toys.


BILL & TED – DOIS LOUCOS NO TEMPO (“Bill & Ted’s Bogus Journey”) – 1991

O FILME – Em 1989 a comédia “Bill & Ted – Uma Aventura Fantástica” (“Bill & Ted’s Excellent Adventure”) trazia um jovem e desconhecido Keanu Reeves (o eterno Neo de “Matrix”) e Alex Winter nos papeis centrais, como dois adolescentes que viajam no tempo com a ajuda de uma cabine telefônica para conseguir concluir um trabalho escolar de História (!!!). Devido à boa bilheteria, ganhou uma sequência dois anos depois, cuja história começa em 2691, quando o cientista De Nemolos se cansa do sistema criado por Bill e Ted para a sociedade viver e envia dois robôs sósias dos adolescentes de volta no tempo para assassiná-los antes que criem o tal sistema (!!!!!!!!!).

A TRILHA – Se o primeiro filme não tinha uma trilha sonora muito atraente, o segundo filme trouxe um discaço: tem Kiss com o clássico “God Gave Rock ‘N’ Roll To You II”, Megadeth com a porrada “Go To Hell”, Primus com “Tommy The Cat”, Faith No More com “Perfect Crime” (o guitarrista Jim Martin, aliás, participa do filme), e ainda Steve Vai (responsável também pelas “vinhetas sonoras” no filme, quando a dupla comemora algo tocando “air guitar”), Richie Kotzen, King’s X, Slaughter, Winger...


O HOMEM DA CALIFÓRNIA (“Encino Man”) – 1992

O FILME – Aproveitando a onda do sucesso de “Bill & Ted” e também da adaptação de “Wayne’s World” para o cinema (que, para quem não sabe, originalmente era um quadro do programa humorístico “Saturday Night Live”), a Disney, através de sua subsidiária Hollywood Pictures, busca o filão “comédia para adolescentes com trilha rock and roll”. Surge a história de um homem das cavernas (Brendan Fraser, de “A Múmia”) que é descoberto congelado no quintal da casa de Dave (Sean Astin, de “Os Goonies” e da trilogia “O Senhor dos Anéis”) por seu amigo Stoney (Pauly Shore de... ah, melhor deixar pra lá...). Se o roteiro já prenuncia um abacaxi sem tamanho, tente assistir ao filme e rir se for capaz...

A TRILHA – Ao contrário do filme, a trilha sonora é bem bacana, trazendo Queen (“Stone Cold Crazy”), Vince Neil (“You’re Invited (But Your Friend Can’t Come)”), Infectious Groove (“Feed The Monkey”), Cheap Trick (com uma cover de “Wild Thing”), Scatterbrain (“Mama Said Knock You Out”) e Steve Vai (“Get The Hell Out Of Here”).


SUPER MARIO BROS (“Super Mario Bros”) – 1993

O FILME – Nintendo e Disney (via Hollywood Pictures novamente) produzindo um filme sobre o personagem de videogame mais popular do mundo. A ideia inicial parece ter tudo pra dar certo mas... Se o saudoso Bob Hoskins parecia ser a escolha ideal para interpretar Mario, de quem foi a ideia de escalar John Leguizamo, que não tem nada a ver fisicamente com Luigi, para o papel do irmão do encanador? E Dennis Hopper como Koopa?? Sem falar que o resultado final foi um filme pra lá de esquecível, lembrado por Hoskins como “o pior projeto do qual ele já havia participado”. Já Leguizamo conta que ele e Hoskins passavam a maior parte das filmagens se embebedando para afogar suas frustrações...

A TRIHA – Bem, a trilha sonora não é exatamente uma maravilha, mas com certeza é bem mais divertida do que o filme, misturando Joe Satriani (“Speed Of Light”), Queen e sua clássica “Tie Your Mother Down”, Megadeth (estavam em todas, hein?) com “Breakpoint” (depois relançada na coletânea “Hidden Treasures”) e Extreme (“Where Are You Going?”) com artistas tão diversos quanto Roxette, George Clinton, Divinyls... Vale como curiosidade...


O ÚLTIMO GRANDE HERÓI – (“Last Action Hero”) – 1993

O FILME – Um exemplo de filme interessante, mas cujo projeto foi mal entendido e mal recebido. Numa espécie de exercício de metalinguagem, o diretor John McTiernan (do primeiro “Duro de Matar”) traz a história de Jack Slater (Arnold Schwarzenegger), um herói de filmes de ação que passa a interagir com o garoto Daniel (Austin O’Brien), que fora transportado para dentro do filme que assiste no cinema, como que em um universo paralelo. Superprodução que mal pagou seus gastos, longe de ser uma obra-prima, sendo um filme diferente que não agradou ao grande público, ficando marcado como um dos grandes fracassos na carreira do ex-governador da Califórnia.

A TRILHA – Com o status de produtor, Arnold escolheu ele próprio as bandas para comporem canções para a trilha sonora. E não é que o cara tem um bom gosto do tamanho do seu físico? O álbum só tem sonzeira: AC/DC com “Big Gun”; Alice In Chains em dose dupla (“What The Hell Have I” e “A Little Bitter”); Megadeth (virando arroz de festa nas trilhas) com “Angry Again”; Queensryche dos bons tempos (com a belíssima “Real World”); Def Leppard (“Two Steps Behind”); Anthrax (“Poison My Eyes”); Aerosmith (com a eterna “Dream On” em versão ao vivo, com orquestra)... Sério candidato a melhor álbum de trilha sonora de todos os tempos... Pelo menos para nós fãs de rock...


ARMAGEDDON (“Armageddon”) – 1998

O FILME – Embora tenha sido um grande sucesso de bilheterias, “Armageddon” é um filme criado pela mesma equipe de “Bad Boys” e “Independence Day” (o diretor Michael Bay, o produtor Jerry Bruckheimer e etc.) – ou seja: há quem goste, mas muita gente também odeia. Aqui novamente os EUA salvam o mundo de uma catástrofe apocalíptica, quando enviam uma equipe ao espaço (liderados por Bruce Willis) para impedir que um asteróide gigantesco venha a colidir com nosso planeta... Foi uma das maiores bilheterias do ano em uma época onde já se temia que a virada do século poderia ser o fim do mundo, haveria um bug do milênio e etc... E ficou esquecido no tempo, assim como essas bobagens...

A TRILHA – A trilha sonora do filme foi composta por ninguém menos que Trevor Rabin (ex-guitarrista do Yes). E para o CD ele recrutou alguns grandes figurões do rock, para nosso deleite. O Aerosmith aparece com quatro músicas (duas inéditas: a melosa “I Don’t Wanna Miss A Thing” e “What Kind Of Love Are You On?”; além da clássica “Sweet Emotion” e a cover de “Come Together”, dos Beatles). Quem marca presença também é o Journey, com “Remember Me” (estreando Steve Augeri nos vocais e Deen Castronovo nas baquetas), além do grande ZZ Top e sua inconfundível “La Grange”. Tem também Jon Bon Jovi (“Mister Big Time”), Bob Seger (“Roll Me Away”) e Patty Smith (“Wish I Were You”).


DEIXA ROLAR (“Outside Providence”) – 1999

O FILME – Produzido pelos irmãos Peter e Bobby Farrelly (criadores das comédias “Quem Quer Ficar com Mary?”, “Debi e Lóide” e “Eu, Eu Mesmo e Irene”, entre outras), e baseado em livro do próprio Peter, o filme conta a história de Timothy (Shawn Hatosy), um jovem em idade colegial em 1974, criado apenas pelo pai (Alec Baldwin) após o suicídio de sua mãe, cuja maior diversão é fumar maconha com os amigos. Após bater o carro em uma viatura policial, seu pai o manda para um colégio super rigoroso para ver se o jovem entra na linha. Quando esse parece ser o pior momento de sua vida, ele conhece Jane (Amy Smart), por quem acaba se apaixonando. Ao contrário dos demais projetos dos irmãos, este foi um fracasso retumbante nas bilheterias, sendo lançado direto em DVD em muitos países...

A TRILHA – Se o filme passou despercebido, a trilha sonora merece ser garimpada por quem é fã de um bom e velho rock and roll. Olha só a lista de clássicos: “Won’t Get Fooled Again” (The Who), “Band On The Run” (Paul McCartney & Wings), “Take It Easy” (Eagles), “All Right Now” (Free), “Roundabout” (Yes), “Freebird” (Lynyrd Skynyrd), “Long Train Runnin’” (Doobie Brothers), “No Matter What” (Badfinger), “Do It Again” (Steely Dan)... Um verdadeiro “greatest hits” da época, e um CD ideal para pegar a estrada...


DETROIT ROCK CITY (“Detroit Rock City”) – 1999

O FILME – O Kiss deveria ser proibido de se aventurar nos filmes. Não bastasse o pavoroso trash “Kiss Meets The Phantom Of The Park”, feito para a TV em 1978, e as frustradas investidas do linguarudo Gene Simmons como ator na década de 1980, o quarteto tentou aproveitar a boa maré da volta da formação clássica e lançou essa comédia, contando a história de quatro jovens fãs do grupo que fazem de tudo para conseguirem ir a um show dos mascarados em Detroit em 1978. Embora a premissa seja simpática, o filme simplesmente não funciona e não tem graça nenhuma... Isso sem mencionar a caricata participação da banda no final...

A TRILHA – Obviamente o CD traz músicas do Kiss: além de “Detroit Rock City”, tem “Shout It Out Loud” e a balada inédita (e dispensável) “Nothing Can Keep Me from You”, composta por encomenda pela mesma Diane Warren que fez “I Don’t Wanna Miss A Thing” para o Aerosmith em “Armageddon”. Tem ainda Van Halen (“Runnin’ With The Devil”), Thin Lizzy (“Jailbreak”), Cheap Trick (“Surrender”), David Bowie (“Rebel Rebel”), Black Sabbath (“Iron Man”) e algumas covers, como a ótima “Cat Scratch Fever” de Ted Nugent, numa versão matadora do Pantera, “Strutter” do Kiss, bem regravada pelas garotas do The Donnas, o Everclear assassinando “The Boys Are Back In Town” do Thin Lizzy, além de versões bizarras de “Highway to Hell” do AC/DC feita por Marilyn Manson e “20th Century Boy” do T-Rex, regravada pelas suecas do Drain STH.


ROCKSTAR (“Rockstar”) – 2001

O FILME – Inspirado na história de Tim “Ripper” Owens, o vocalista cover que ocupou a vaga deixada pelo original Rob Halford no Judas Priest, “Rockstar” traz a história de Chris “Izzy” Cole (Mark Wahlberg, que antes de ser ator, era conhecido como o cantor de hip hop Marky Mark). Fanático pela banda Steel Dragon e vocalista de uma banda tributo em homenagem a eles, Chris é convidado a integrar a banda que idolatra quando o vocalista original é demitido. Para tentar dar maior credibilidade à história, quem interpreta os músicos são ninguém menos que Zakk Wylde, Jason Bonham e Jeff Pilson (Dokken, Foreigner). Jennifer Anniston (a eterna Rachel do seriado “Friends”) também participa do elenco, interpretando Emily, namorada de Chris. Contando com muitos estereótipos, exageros e piadas sem graça, “Rockstar” é um filme que originalmente tinha tudo pra ser bacana, mas acabou se tornando uma bola fora tremenda e naufragando nas bilheterias...

A TRILHA – Trevor Rabin também é o responsável por esta trilha sonora, reunindo aqui Kiss (“Lick It Up”), Bon Jovi (“Livin’ On a Prayer”), Mötley Crüe (“Wild Side”), Ted Nugent (“Stranglehold”) e até INXS (“Devil Inside”). Além disso, a banda fictícia Steel Dragon também marca presença com seis boas músicas, incluindo uma cover de “Long Live Rock ‘n’ Roll” do Rainbow. O único “porém” ficou por conta da faixa título e tema principal do filme, de autoria do Everclear – nada contra a banda, mas seu estilo não tem nada a ver com a temática do filme e nem com o resto da trilha...

Abaixo, uma playlist com algumas das canções aqui mencionadas. É só dar o play!

Matéria originalmente publicada no Whiplash!


Doctor Recomenda: “Hired Gun” – Documentário sobre músicos contratados... e que músicos!




A partir de hoje, intercalando com as matérias e resenhas que você costuma ler, estreamos o “Doctor Robert Recomenda”, onde vamos dar sugestões de artistas não tão conhecidos, filmes, livros, canais de YouTube, sites... o que for bacana e for interessante neste universo do rock and roll...

Iniciamos sugerindo “Hired Gun”, documentário disponível na Netflix, que trata de um tema muito interessante: músicos contratados que tocam com artistas famosíssimos e muitas vezes acabam como anônimos. E não são quaisquer músicos, são artistas extraordinários!



Os depoimentos variam desde nomes mais conhecidos como Steve Vai, Rudy Sarzo, Steve Lukather, Neal Schon, Jason Newsted, Eric Singer, passando por Brad Gillis, Kenny Aronoff, Nita Strauss, Glen Sobel, Phil X, Derek St. Holmes, John 5, Jason Hook, Liberty Devitto... ou seja, nomes que já gravaram ou tocaram com gente do porte de Alice Cooper, Whitesnake, Ozzy Osbourne, Metallica, Kiss, Santana, Michael Jackson, Bon Jovi, Ted Nugent, Rob Zombie, David Lee Roth, Billy Joel... e por aí vai... Aliás, Alice e Rob também participam dando entrevistas...

Vários momentos marcantes são destaques, como Steve Lukather do Toto dizendo sobre como desdenhava de “Beat It”, de Michael Jackson, ou Rudy Sarzo relembrando a morte trágica de Randy Rhoads quando excursionava com Ozzy. Sem falar num tal de Ray Parker Jr., vocês conhecem? Músico de estúdio requisitadíssimo, o guitarrista e compositor trabalhou com muita gente do alto escalão musical, como Stevie Wonder, Aretha Franklin, The Carpenters e meio que por acaso, em 1984, compôs (e cantou) uma música que o catapultou ao topo das paradas: o tema do filme “Os Caça-Fantasmas”! Todas essas histórias, claro, costuradas com várias jam sessions de alguns dos músicos...

Interessantíssimo! Não deixe de conferir!



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