Algumas das melhores bandas fictícias do cinema


O rock começou seu relacionamento com o cinema praticamente desde seu surgimento. Elvis Presley arrastava multidões para as salas e levava ao delírio os espectadores. Logo mais os Beatles passaram a se valer da mesma situação, com seus filmes nonsense que eram meros pretextos para o lançamento de novos discos e novas músicas. Com o tempo, grandes bandas passaram a filmar seus shows ou projetos diversos para exibirem nos cinemas: veio o Pink Floyd com “Live At Pompeii”, o Led Zeppelin com “The Song Remains The Same”, além de vários outros.

Consequentemente, o rock acabou por servir de inspiração para a criação de vários filmes bacanas sobre o tema. Alguns sobre artistas consagrados, outros fazendo valer da criatividade dos roteiristas, tratando da história de grandes bandas fictícias. E é sobre estas que falaremos a seguir. Listamos a seguir dez bandas muito bacanas que ficaram na memória do público rocker – e alguns casos acabaram indo para os palcos, gravando álbuns e até mesmo freqüentando as rádios... Vamos lá?

1) Spinal Tap (do filme “Isto é Spinal Tap”)




Impossível começar a falar de bandas de rock fictícias do cinema e não se lembrar do Spinal Tap, provavelmente a maior e mais conhecida delas. Apareceram pela primeira vez em 1979 no programa de TV norte-americano “The TV Show”, da rede ABC, e depois ganharam um “documentário” no filme “Isto é Spinal Tap”, de 1984, escrito pelo diretor Rob Reiner junto aos atores que encarnam os músicos do grupo (Harry Shearer, Christopher Guest e Michael McKean). Na verdade, o intuito sempre foi o de satirizar os excessos e excentricidades dos grandes nomes do rock pesado, e o filme nem fez tanto sucesso em seu lançamento, mas acabou virando cult, tanto que anos depois gravaram discos (com participações de Joe Satriani, Steve Vai, Slash, Steve Lukather, Phil Collen, entre outros) e dividiram os palcos com nomes como David Gilmour, Mick Fleetwood e Greg Bissonette. Participaram ainda do tributo a Freddie Mercury (embora nos lançamentos oficiais em vídeo e DVD não conste a performance). 



2) Stillwater (do filme “Quase Famosos”)




Outra banda sensacional das telonas é o Stillwater, do filme “Quase Famosos” de Cameron Crowe. O diretor se fez valer de sua própria história como repórter da Rolling Stone, das experiências vividas acompanhando as turnês de nomes como Led Zeppelin e The Who, para escrever um roteiro premiado com o Oscar sobre um adolescente prodígio que acompanha a banda em questão a convite da famosa revista musical. Os músicos foram interpretados por Jason Lee, Billy Crudup, Mark Kozelek e John Fedevich. Crudup, que interpreta o guitarrista Russell Hammond, chegou a ter aulas com Peter Frampton para dar mais veracidade a suas dublagens na guitarra. E as músicas da banda foram gravadas por nomes como o próprio Frampton, Mike McCready (Pearl Jam) e Marti Frederiksen (colaborador de Aerosmith, Ozzy Osbourne, Mötley Crüe, entre outros). Embora apenas “Fever Dog” conste na trilha sonora oficial (ganhadora de um Grammy), outras músicas foram gravadas e podem ser facilmente encontradas na internet.



3) Steel Dragon (do filme “Rock Star”)




O enredo do filme “Rock Star” se inspirou no fato de o Judas Priest ter substituído seu vocalista Rob Halford por um cantor de uma banda cover do grupo, Tim “Ripper” Owens, e contou uma história parecida. O grupo Steel Dragon foi interpretado pelos atores Jason Flemyng (como o vocalista original), Mark Wahlberg (o substituto) e Dominic West juntamente aos renomados músicos Zakk Wylde, Jason Bonham e Jeff Pilson. As linhas vocais dubladas por Flemyng foram gravadas por Jeff Scott Soto e as de Wahlberg por Michael Matijevic. Alerta de spoiler para quem não assistiu: ao final do filme, Izzy, personagem de Wahlberg, cede seu lugar para um fã da plateia assumir os vocais da banda, interpretado por Myles Kennedy, hoje famoso por cantar no Alter Bridge e com Slash. Na trilha sonora, o Dragon interpreta algumas canções “próprias” (escritas para o filme) e composições de Sammy Hagar (“Stand Up”) e do Rainbow (“Long Live Rock ‘n’ Roll”). Curiosidade: Mark Wahlberg já possuía experiência como vocalista, mas em outro gênero, o rap – antes da carreira como ator deslanchar, ele cantava como Marky Mark e emplacou o hit “Good Vibrations” (não, não aquela do Beach Boys, outra completamente diferente).



4) Strange Fruit (do filme “Ainda Muito Loucos”)




O cinema britânico não ficou de fora da onda de filmes sobre rock, e em 1999 nos trouxe “Ainda Muito Loucos”, uma divertida comédia sobre a banda Strange Fruit, que obteve grande sucesso na década de 1970. Após duas décadas de separação, os músicos são persuadidos a deixar as rusgas e os egos de lado e se reunirem. O filme aborda os conflitos internos dos ex-colegas, a sobriedade do vocalista após anos de abuso de álcool e drogas, além de outros temas recorrentes no meio rocker. Bill Nighy interpreta o vocalista (ele viveria um cantor decadente novamente na comédia romântica “Simplesmente Amor”), e diz ter inspirado seus trejeitos em David Coverdale. Completam a banda os atores Stephen Rea, Jimmy Nail, Timothy Spall e Hans Matheson. Boas canções, interpretações e uma trama divertida, rendendo uma ótima sessão da tarde...



5) Citizen Dick (do filme “Singles – Vida de Solteiro”)




Cameron Crowe de volta na lista. Afinal, o cineasta ama rock and roll, ok? E aproveitando o boom do grunge e da cena roqueira de Seattle no começo da década de 1990, lançou uma comédia romântica estrelada por Matt Damon, que interpreta Cliff Poncier, vocalista do Citizen Dick. Os companheiros de banda de Cliff são interpretados por ninguém menos que Eddie Vedder, Stone Gossard e Jeff Ament, do Pearl Jam (Vedder era o baterista da banda). Como curiosidade, o saudoso Chris Cornell fazia também uma ponta no filme (numa cena esdrúxula de um teste de som de carro). O grupo “gravou” apenas uma faixa, “Touch Me, I’m Dick” (paródia de “Touch Me, I’m Sick”, do Mudhoney), que em 2015 foi lançada oficialmente como single no Record Store Day (dia em que os norte-americanos celebram a cultura das lojas de discos independentes) e na edição comemorativa de 25 anos da trilha sonora oficial do filme.



6) Brian Slade e The Venus In Furs (do filme “Velvet Goldmine”)



Ambientado no auge do Glam Rock britânico, “Velvet Goldmine” traz a história de um repórter (Christian Bale) que investiga a história de Brian Slade (interpretado por Johnathan Rhys Meyers, da série “The Tudors”), cantor baleado no palco no auge do sucesso, em 1974 – o que teria sido uma farsa para que o próprio pudesse sumir do mapa em paz, e sua relação com outro músico, Curt Wild (interpretado por Ewan McGregor de “Trainspotting” e conhecido por interpretar o jovem Obi Wan Kenobi na saga “Star Wars”). Cabe ressaltar aqui que o personagem de Slade foi fortemente inspirado em David Bowie e Marc Bolan (T-Rex), assim como Wild seria uma mistura de Iggy Pop e Lou Reed. O nome da banda The Venus In Furs é retirado de uma canção do Velvet Underground, de Reed (e, não por acaso, acaba sendo relacionado também aos Spiders From Mars, de Bowie), e o nome do filme vem de uma canção que ficou de fora de “Ziggy Stardust” (acabou sendo lançada como lado B da reedição do single “Space Oddity”, primeiro sucesso de Bowie, relançado em 1975). São tantas referências e o visual e som recriados tão perfeitamente que por vezes se esquece de que é tudo ficção... E na trilha sonora, as gravações da banda fictícia têm os vocais do próprio Rhys Meyers como também de Thom Yorke (do Radiohead).



7) The Wonders (do filme “The Wonders – O Sonho Não Acabou”)




Ambientado em 1964 (época da Beatlemania), “The Wonders” traz a história da banda “The Oneders” (trocadilho com a palavra “Wonders”, assim como “Beatles” e “Beetles”), que recorre a um baterista amigo para substituir o seu titular nas baquetas em um festival de talentos, onde este acelera o tempo da música apresentada, levando a banda a vencer o concurso e, posteriormente, ser contratada por um empresário e estourar nas rádios com a canção. Canção esta, aliás, chamada “That Thing You Do”, que na época do lançamento do filme fez sucesso de verdade nas rádios. A banda é interpretada pelos atores Tom Everett Scott, Johnathon Schaech, Steve Zahn e Ethan Embry. O empresário é encarnado por Tom Hanks, que estreava na direção com o filme. A canção foi composta por Adam Schelsinger, baixista do Fountains of Wayne, que divide os vocais com Mike Viola, compositor indicado ao Grammy.



8) Crucial Taunt (do filme “Wayne’s World”)




Wayne’s World (desculpem, mas me recuso a mencionar o título brasileiro do filme) merece uma menção honrosa na lista, por ser um dos filmes mais divertidos que ajudou a disseminar o rock nas telonas. Originalmente um sketch no humorístico “Saturday Night Live”, o quadro criado por Mike Myers e Dana Carvey sobre dois jovens roqueiros que apresentam um programa para a TV a cabo de sua cidade cresceu tanto que foi parar no cinema. E na história, Wayne (Myers) se apaixona por Cassandra (Tia Carrere), vocalista e baixista do Crucial Taunt. O grupo executa versões de “Fire”, de Jimi Hendrix e “Ballroom Blitz”, do Slade (esta, inclusive, incluída na trilha sonora oficial), com os vocais gravados pela própria atriz.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Os 50 anos da bíblia "Deep Purple In Rock"

Embora só tenha conhecido de fato o sucesso em 1970, o Deep Purple já tinha uma boa história pra contar. Formado em 1966, o quinteto tra...