A essas alturas você que é fã do
bom e velho rock and roll com certeza já deve pelo menos ter ouvido falar do
Greta Van Fleet. Caso não lhe soe familiar, o quarteto foi formado em 2012
pelos irmãos Kiszka (Josh nos vocais, Jake nas guitarras e Sam no baixo),
inicialmente acompanhados pelo baterista Kyle Hauck, posto que em 2013 passou a
ser ocupado por Danny Wagner.
O grupo causou um estardalhaço
danado ao lançar seu primeiro E.P. “Black Smoke Rising” (2017), pois quem ouvia
achava que o Led Zeppelin havia ressuscitado, ou pego uma máquina do tempo em
1969 e desembarcado aqui, lançando músicas inéditas... A comparação era
inevitável, seja pelos vocais de Josh, seja pelos riffs e levadas das canções
(ótimas, diga-se de passagem) – tanto é que até o próprio Robert Plant declarou
em entrevista ao Channel Ten, na Austrália: “Há esta banda de Detroit chamada
Greta Van Fleet... eles são o Led Zeppelin I (em referência ao primeiro disco
de sua ex-banda). Um belo cantor, eu o odeio! (risos) Ele roubou a voz de
alguém que conheço muito bem, mas o que pode ser feito?”.
Passados quase dois anos, e com
mais um E.P. (“From The Fires”, 2017) e um álbum completo (“Anthem For The
Peaceful Army”, 2018), as comparações ainda continuam, com muita gente ainda
acusando o grupo de ser um clone do Led, mas também com muitos defensores –
recentemente Slash discorreu vários elogios em entrevisto à rádio Triple M
(também da Austrália) sobre como o grupo revitalizou o rock:
“Eles estão abrindo as portas
para muitas bandas novas. Tem uma energia muito boa hoje em dia para bandas de
rock, e é a energia certa, pois são jovens fazendo música pelos motivos certos.
Não é para aparecer na MTV, nem pela fama, nem pelos jatinhos
e garotas, porque tudo isso já não existe mais nessa indústria. É pela música
em si, pela paixão de fazer de tudo para levar suas composições ao público. Sinto-me
muito inspirado quando penso no que está por vir nos próximos dois, três, cinco
anos no mundo da música.”
Diante disso tudo, fica a
pergunta: o Greta Van Fleet é a salvação do rock? O guitarrista Jake Kiszka deu
a sua resposta em entrevista à Rolling Stone brasileira: “Não viemos para
salvar nada, viemos para somar. A realidade é que hoje o rock não tem um
público tão grande como nas décadas passadas. Existem menos rádios dedicadas a
ele. O lado bom é que há canais independentes e é possível distribuir a nossa
música digitalmente, fazendo divulgação nas redes sociais. Foi assim,
basicamente, que nos tornamos conhecidos. Estou falando com você, chegamos ao
Brasil. É um grande feito.”
E na verdade é isso mesmo. Há
tempos a indústria da música em si já não é mais a mesma. Num mundo onde o
velho formato de disco deixa de ser tão relevante, grandes estúdios e
gravadoras vão virando história, deixando de existir. E cada vez menos bandas
novas de rock a capacidade de lotar arenas e estádios ao redor do mundo. Há uma
queda de popularidade do gênero globalmente – a não ser pelos grandes medalhões
que ainda fazem turnês, não dá para vislumbrar que num futuro tão próximo algum
Greta ou Rival Sons irá ser capaz de lotar sozinho um estádio. Talvez o rock
vire um gênero reservado a um nicho de seguidores fieis, como já aconteceu com
o jazz e o blues, mas morrer jamais... E se depender desta nova safra que tem
surgido recentemente, o futuro é promissor, mas talvez nunca tão gigante como
costumava ser...
Vida longa ao Greta Van Fleet! E ao Rival Sons, ao Halestorm, ao Von Hertzen Brothers, ao The
Struts, ao Tyler Bryant and the Shakedowns... o quê? Não conhece essa
turma? Saia já da sua zona de conforto e vai correr atrás dessa galera nova que
está aí... e não venha depois reclamar que “já não se faz rock como
antigamente”...
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