Você que é fã de rock clássico e
em especial Thin Lizzy e Whitesnake com certeza conhece bem o nome John Sykes.
Para quem não conhece, Sykes é um virtuoso guitarrista inglês, que despontou ao
integrar o grupo Tygers Of Pan Tang no começo da década de 1980, tendo entrado
para o Lizzy e participado de seus últimos trabalhos, até que foi convidado por
David Coverdale a se juntar ao Whitesnake em 1984, quando o guitarrista
original Micky Moody resolveu sair do grupo. Sim, é aquele guitarrista loiro
que se apresentou com o grupo no primeiro Rock In Rio, em 1985, e arrancou
muitos suspiros da plateia feminina no festival...
Dono de uma técnica apurada,
escolada em seu ídolo Gary Moore, e com um timbre inconfundível, Sykes compôs
junto a Coverdale praticamente todo o álbum homônimo “Whitesnake”, também
conhecido por “1987”
(à exceção das regravações “Here I Go Again” e “Cryin’ In The Rain”, todo o
resto é de autoria da dupla), trabalho de maior sucesso comercial do grupo.
Porém os conflitos de gênios e egos se tornaram insustentáveis, e antes mesmo
que terminassem as gravações, acabou demitido pelo vocalista (assim como o
restante dos músicos).
Devido ao êxito do trabalho e ao
talento inegável do músico, a gravadora Geffen resolve apostar as fichas nele
em um eventual trabalho solo ou com algum novo grupo. E eis que surge o Blue
Murder! Inicialmente um quarteto (o saudoso Ray Gillen, ex-Black Sabbath e
Badlands, chegou a gravar algumas demos inicialmente), o grupo se fixou como
power-trio e contava com as guitarras e vocais de Sykes, além de Tony Franklin
(ex-The Firm) e seu baixo fretless e ninguém menos que Carmine Appice
(ex-Vanilla Fudge, Rod Stewart e Ozzy Osbourne) na bateria. Um time de respeito,
que ainda teria o tecladista Nik Green como músico de apoio.
O trabalho de estreia levando o
nome da banda seria lançado em 1989, com produção de Bob Rock (que no mesmo ano
produziria o clássico “Dr. Feelgood”, do Mötley Crüe, e posteriormente
trabalharia com o Metallica no “Black Album”), e trazia um hard rock vigoroso,
com ótimas canções e arranjos. Desde a abertura com “Riot”, passando por “Sex
Child”, a épica “Valley Of The Kings”, a contagiante “Jelly Roll”, a bela
balada “Out Of Love”... o que se ouve é um verdadeiro desfile de ótimas
músicas, uma em seguida da outra. Outro grande tema é a música que leva o nome
do grupo, composta pelo trio, assim como “Black-Hearted Woman”, que fecha o
álbum em grande estilo. Sykes dedicaria o álbum ao amigo Phil Lynott, líder do
Thin Lizzy, falecido três anos antes.
Infelizmente a formação original
não durou muito tempo, e durante as gravações do segundo álbum Franklin e
Appice deixaram o grupo, sendo substituídos respectivamente por Marco Mendoza e
Tommy O’Steen – o tecladista Nik Green
seria efetivado como membro do grupo também. Dadas as turbulências da
gravação, nada mais apropriado do que chamar o trabalho de “Nothin’ But
Trouble” (nada além de problemas). Irregular, acabou chamando bem menos atenção
do público, e logo após a turnê, Sykes decide seguir em carreira solo e acabar
com o Murder – ainda seria lançado no Japão um ao vivo chamado “Screaming Blue
Murder”. Sem falar que era um período onde o grunge explodiu, desviando todas as atenções para as bandas do gênero...
Sykes ressuscitou o Thin Lizzy
com ex-membros do grupo em 1994 como tributo a Lynott, e excursionou com o
grupo até 2009. Em 2011 começaria a trabalhar em um novo supergrupo com o
baterista Mike Portnoy (recentemente saído do Dream Theater) e o baixista Billy
Sheehan, mas não houve química, e ele acaba sendo substituído por Richie
Kotzen. Era o nascimento de outro power-trio incrível, The Winery Dogs, mas
isso já é assunto para outra conversa...
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