O King Crimson vem ao Rock In Rio. Isso é bom ou ruim?



Recentemente houve a confirmação oficial de que o lendário grupo britânico de rock progressivo King Crimson virá se apresentar no Brasil pela primeira vez, tendo sido confirmado como a atração principal do Palco Sunset do Rock In Rio no dia 06/10. Não deixa de ser louvável que mais um grupo icônico finalmente venha ao nosso país, mas há motivos para se comemorar? Analisemos...

Primeiramente há o fato latente de que a sonoridade do Crimson não é nada habitual ou convencional. Muito longe do mainstream que o festival costuma priorizar (não há nada de errado com isso, ressaltemos – um festival deste porte tem mais é que ser lucrativo mesmo para permanecer viável). E sua escalação se deu em um dia onde as atrações do palco principal passam ainda mais longe do que seria seu público alvo: Muse, Imagine Dragons, Nickelback e Paralamas do Sucesso.



Vale aí lembrar uma experiência traumatizante: 15 anos atrás, Joe Satriani e Steve Vai num dos períodos mais áureos do G3 resolveram vir ao Brasil acompanhados de Robert Fripp, guitarrista, líder, mentor do King Crimson. Se o seu grupo já não é para qualquer tipo de ouvido pela sua sonoridade peculiar, com sua carreira solo não poderia ser diferente – experimentações e ruídos que facilmente poderiam ser rebaixados como “barulho” (e foi o que mais se leu nas resenhas de quem cobriu o show na época). E o que aconteceu? Vaias... Afinal, não era o seu público que estava ali – os fãs de Vai e Satriani com certeza enumerariam centenas de outros nomes com os quais estariam mais familiarizados para substituir Fripp naquela noite.

Agora imagine se apresentar num festival abarrotado de jovens que muitas vezes nem faz ideia do que está acontecendo no palco? Sim, foi o que testemunhei por exemplo quando fui ver Queen + Adam Lambert. Queen! Aquela banda cuja “Love Of My Life” ou “We Will Rock You” qualquer pessoa desantenada musicalmente pelo menos tem a vaga lembrança de já ter ouvido algum dia... era gente andando pra lá e pra cá, em clima de balada, flertando e procurando alguém pra beijar na boca, e você tentando se concentrar pra ver seus ídolos no palco... Substitua nesta situação a sonoridade amigável por algo excêntrico e incomum... Parece ser a receita para um desastre...



Talvez seria muito mais racional agendar uma noite com grandes nomes do progressivo, afinal Yes, Marillion e tantos outros estão aí na estrada... ou até mesmo com nomes mais recentes como Tool, Opeth, até o Dream Theater... mas aí caímos no problema de não serem nomes rentáveis para o festival...

Resta saber se além desta noite, o grupo irá fazer algum outro show “solo” em local menor, para aí sim atrair sua audiência e ser ouvido e reverenciado... ou, no máximo, torcer para que a plateia do dia 06/10 no Rio seja no mínimo educada e guarde suas vaias, respeitando os 50 anos de história desta lenda viva... oremos!


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